Planos para nova bolsa de valores em Pequim alimentam temores de 'guerra' financeira, diz mídia
12:29 03.09.2021 (atualizado: 10:16 29.11.2021)
© AP Photo / Ng Han GuanBolsa de Valores de Pequim

© AP Photo / Ng Han Guan
Economista afirma que ainda é um grande ponto de interrogação se a nova bolsa de valores vai prosperar, já que "a cidade de Pequim não tem a cultura certa para uma bolsa".
Os planos da China de lançar uma nova bolsa de valores em Pequim, anunciados pelo presidente Xi Jinping na quinta-feira (2), impulsionaram as ações das corretoras chinesas, mas derrubaram as ações da bolsa de Hong Kong em meio a temores de aumento da concorrência.
Embora o regulador de valores mobiliários da China tenha dito que a planejada bolsa de valores de Pequim é baseada no Novo Terceiro Conselho existente na cidade e complementa as bolsas de Xangai e Shenzhen, alguns temem que uma rivalidade para listar recursos seja inevitável.
"A bolsa de valores de Pequim está em pé de igualdade com as bolsas de Xangai e Shenzhen. Se prosperar, os três vão dividir o mercado em um confronto tripartite", disse Rock Jin, economista e CEO da consultora de investimentos PopEton, citado pela agência Reuters nesta sexta-feira (3).
Embora seja uma boa notícia para a economia, é um mau presságio para o mercado no curto prazo porque "afinal, desvia capital dos mercados de Xangai e Shenzhen", complementa o economista.
© REUTERS / Aly SongPessoas na principal zona comercial de Xangai, China, 12 de julho de 2021

Pessoas na principal zona comercial de Xangai, China, 12 de julho de 2021
Rock Jin disse ainda que é um grande ponto de interrogação se a nova bolsa vai prosperar, já que "a cidade de Pequim não tem a cultura certa para uma bolsa".
Nem Xi nem a Comissão Reguladora de Segurança da China (CSRC, na sigla em inglês) disseram se a bolsa de valores de Pequim atrairia empresas listadas no exterior. A nova bolsa pretende atender empresas inovadoras de pequeno e médio porte (PME), afirma mídia.
"Este é um passo à frente nas reformas do mercado de capitais, pois aprimora o sistema de mercado de capitais em várias camadas e o financiamento direto", disse o banco de investimentos Morgan Stanley em nota, reproduzido pela Reuters.
O banco acrescentou que a implementação de um mecanismo de oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) na bolsa de Pequim abre caminho para a implantação do sistema de listagem nos principais conselhos de administração da China. Atualmente, apenas a bolsa ChiNext, em Shenzhen, e a STAR Market, em Xangai, adotam o sistema de IPO no estilo dos EUA.
Facilitar o financiamento
A China está lançando a nova bolsa como parte dos esforços para canalizar mais poupança das famílias para o mercado de ações para financiar a inovação e a recuperação econômica, enquanto reduz a dependência da economia de empréstimos bancários.
"A dificuldade de financiamento é o principal desafio que as PMEs enfrentam [...]. Apoiar as PMEs com financiamento direto ajuda a promover o consumo da China, já que as PMEs empregam a maior parte da força de trabalho na China", afirma Liu Hui, gerente de fundos da Invesco.
O CSRC anunciou nesta sexta-feira (3) um projeto de regras para vendas de ações, negociação e fechamento de capital na nova bolsa de valores. As empresas a serem listadas na bolsa de Pequim são "menores e mais novas" do que as listadas em Xangai e Shenzhen, e as elegíveis também podem migrar para as outras duas bolsas sem problemas, disse Zhou Guihua, funcionário do CSRC, citado pela mídia.